A empresa americana Intuitive Machines anunciou, nesta sexta-feira (23), que a sonda Odysseus está “viva e bem”, após o pouso bem-sucedido na Lua, o primeiro de uma companhia privada e de uma nave espacial dos Estados Unidos em mais de 50 anos.
“Odysseus está viva e bem”, publicou a Intuitive Machines, na rede social X. “Os controladores de voo estão se comunicando e comandando o veículo para baixar dados científicos”.
A sonda americana alunissou às 23h23 GMT (20h23 em Brasília) de quinta-feira, apesar de contratempos como uma falha em seu sistema de navegação e uma comunicação complicada logo após o pouso.
A empresa, fundada em 2013 e com sede em Houston (Texas), tenta agora recuperar as primeiras imagens capturadas da superfície lunar e dados científicos.
O módulo hexagonal transporta instrumentos científicos da Nasa, que busca explorar o polo sul da Lua antes de enviar astronautas em sua emblemática missão Artemis.
A Intuitive Machines confirmou na manhã desta sexta-feira que os painéis solares da sonda, essenciais para o seu fornecimento de energia, estão funcionando corretamente e que continua recolhendo informações sobre a posição e a orientação do módulo.
Na véspera, a empresa informou que a espaçonave pousou “na posição vertical”, como planejado.
Uma nova coletiva de imprensa está prevista para esta sexta.
Além das imagens capturadas por Odysseus, são esperadas outras captadas por uma pequena espaçonave que carrega uma câmera e desenvolvida pela Embry-Riddle Aeronautical University, que teve que ser ejetada do módulo no último momento.
Um porta-voz da universidade disse à AFP nesta sexta-feira que o dispositivo estava transmitindo dados, mas não se sabe quando serão divulgados.
Improviso
A empresa recebeu cumprimentos de todo o mundo, inclusive de concorrentes que também tentaram pousar na Lua sem sucesso, como a japonesa ispace, que acabou explodindo no ano passado e a Astrobotic, que falhou em janeiro.
A alunissagem também foi um grande sucesso para a Nasa, que assinou um contrato de 118 milhões de dólares (R$ 583 milhões) com a Intuitive Machines para transportar seis instrumentos científicos nesta missão denominada IM-1.
Um deles provavelmente salvou a viagem, uma vez que o sistema de navegação do módulo de pouso não funcionou como o previsto, obrigando a empresa a improvisar.
Durante uma volta extra ao redor da Lua, antes da descida, um sistema de laser da Nasa foi programado no último minuto para guiar o módulo de alunissagem.
Esta técnica foi planejada para ser testada durante a missão para melhorar a precisão de pousos futuros, mas acabou sendo utilizada como sistema de navegação principal.
Odysseus está programada para operar por cerca de sete dias, antes de virar noite no polo sul lunar.
Economia lunar
Esta é a primeira missão da Intuitive Machines, mas a segunda do novo programa da Nasa com empresas privadas, conhecido como CLPS. A tentativa anterior, feita pela empresa americana Astrobotic, fracassou em janeiro.
Em vez de enviar instrumentos científicos com seus próprios veículos, a agência espacial americana passa a terceirizar este serviço, uma estratégia que visa permitir viagens com maior frequência e menor custo, além de promover o desenvolvimento de uma economia lunar.
Na manhã desta sexta-feira, as ações da empresa subiram cerca de 22% na Bolsa de Nova York.
Outras quatro missões lunares americanas estão previstas para este ano como parte do programa CLPS, incluindo duas da Intuitive Machines.