O Departamento de Segurança Interna dos EUA revelou uma grave falha na gestão de casos envolvendo crianças migrantes não acompanhadas, conforme um relatório enviado ao Congresso na terça-feira (20). O documento aponta que a agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE) não tem conseguido acompanhar todas as crianças migrantes não acompanhadas após sua liberação da custódia do governo. O documento detalha que, nos últimos cinco anos, mais de 32 mil crianças migrantes não acompanhadas falharam em comparecer às suas audiências judiciais de imigração, e o ICE não conseguiu localizar todas essas crianças, destacando que a falta de monitoramento pode expô-las a riscos como tráfico, exploração e trabalho forçado.
O relatório é parte de uma auditoria mais ampla sobre a capacidade do ICE de rastrear essas crianças após sua liberação ou transferência das autoridades dos EUA. Entre 2019 e 2023, um período que abrange as administrações Trump e Biden, mais de 448 mil crianças migrantes não acompanhadas foram transferidas da custódia do ICE para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), responsável por alocá-las com patrocinadores ou em lares temporários.
Após entrevistar mais de 100 funcionários e visitar dez escritórios de campo do ICE, o inspetor geral concluiu que os oficiais de imigração não conseguem monitorar sempre a localização e o status das crianças após a liberação, resultando em ausências frequentes em tribunal. Em muitos casos, quando as crianças não comparecem às audiências, os juízes federais acabam emitindo ordens de deportação.
O relatório também revelou que, até maio de 2024, mais de 291 mil crianças não acompanhadas não haviam sido colocadas em processos de deportação devido à falta de notificações ou agendamento de audiências pelo ICE. Isso sugere que o número real de crianças que falharam em comparecer pode ser muito maior do que 32 mil.
O documento aponta ainda para desafios significativos enfrentados pelo ICE, incluindo falta de pessoal e recursos inadequados para a emissão de notificações e a manutenção de informações sobre as crianças. O relatório recomenda o desenvolvimento de um sistema automatizado para documentar as audiências judiciais e manter informações de endereço.
Em resposta, os oficiais da agência concordaram com a recomendação de implementar um mecanismo de rastreamento automatizado, mas destacaram que o relatório não abordou completamente os desafios estruturais que complicam o rastreamento das crianças migrantes.
Fonte: ABC News