Por Priscylla Silva
Impasse no Congresso para aprovação da proposta orçamentária apresentada por democratas e republicanos para o ano fiscal de 2026 leva servidores a trabalhar sem remuneração ou serem afastados.
O governo dos Estados Unidos iniciou, no dia 1º de outubro, um novo shutdown após o Congresso não conseguir aprovar o orçamento para o ano fiscal de 2026. A paralisação implica na suspensão de diversos serviços federais considerados não essenciais e coloca em licença sem remuneração centenas de milhares de funcionários públicos.
Segundo estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso, cerca de 750 mil servidores podem ser afastados sem pagamento, o que representa um custo diário de aproximadamente US$ 400 milhões em salários não pagos. Outros serviços continuam em funcionamento, mas com limitações.
O Departamento de Estado, por exemplo, afirmou que seguirá emitindo passaportes e vistos, mas com menos da metade do efetivo. Já a Receita Federal dos EUA anunciou que seus 74,5 mil servidores permanecerão trabalhando normalmente.
O que é um shutdown?
Nos EUA, o Congresso deve aprovar leis de financiamento para manter o governo funcionando. Sem acordo, os recursos são cortados e parte das atividades federais é suspensa.
Diferentemente de outros países, em que a rejeição do orçamento pode ocasionar derrubada do governo, nos EUA o resultado é a shutdown, sendo essa a paralisação de serviços considerados “não essenciais”.
Impactos econômicos e internos
O impacto econômico é expressivo. De acordo com análises da Casa Branca, a cada semana de shutdown o PIB norte-americano pode perder até US$ 15 bilhões. Além disso, a divulgação de dados fundamentais para a política monetária, como o relatório de empregos do Departamento do Trabalho, será interrompida, aumentando a incerteza sobre os rumos da economia e dificultando decisões do Federal Reserve (sistema de bancos centrais dos Estados Unidos).
Nos setores de transporte e segurança, companhias aéreas alertam para a possibilidade de atrasos e maior lentidão em aeroportos. A Administração de Segurança de Transportes (TSA) e órgãos de controle aéreo devem operar com equipes reduzidas, o que pode afetar diretamente a malha aérea do país. Inspeções de alimentos, monitoramento de doenças e pesquisas em áreas ambientais e científicas também estão ameaçadas de paralisação.
A interrupção do funcionamento pleno do governo traz consequências em várias frentes:
- Transporte aéreo: filas maiores em controles de segurança, atrasos de voos e redução de inspeções aeronáuticas.
- Programas sociais: cortes ou atrasos em benefícios de suplementação alimentar e nutrição.
- Saúde e segurança sanitária: suspensão de inspeções de alimentos e monitoramentos de saúde pública não emergenciais.
- Ciência e meio ambiente: paralisação de projetos de pesquisa e fiscalização ambiental.
- Mercados e confiança: volatilidade nas bolsas, aumento da percepção de risco e cautela dos investidores.
- Servidores federais: centenas de milhares de trabalhadores ficam sem salário, o que reduz o consumo e afeta economias locais.
Em termos gerais, quanto mais prolongado for o shutdown, maiores serão os danos econômicos acumulados e o impacto na credibilidade política dos EUA.
Por que shutdowns são frequentes nos EUA?
Os shutdowns ocorrem com certa frequência nos Estados Unidos devido à combinação de orçamento anual obrigatório, divisão política e negociações complexas entre o Executivo e o Legislativo.
Quando partidos ou correntes políticas têm visões conflitantes sobre gastos públicos, impostos ou prioridades nacionais, a falta de consenso bloqueia a liberação de recursos.
O sistema americano também não prevê um mecanismo automático de continuidade plena do orçamento, o que torna a paralisação parcial do governo uma consequência direta desses impasses.
//Fontes: CNN; InfoMoney; whitehouse.