Por Priscylla Silva, Redatora SmartNews USA – Charleston, SC
Durante encontro na Malásia, Lula e Trump combinaram o início imediato de negociações para rever os 50% de tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras e discutir a retirada de sanções aplicadas a autoridades do Brasil.

Em 26 de outubro de 2025, à margem da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur (Malásia), os presidentes Lula e Trump encerraram cerca de 50 a 60 minutos de conversa presencial, considerada pelos dois lados “franca e construtiva”.
O foco central da reunião foram os embates comerciais recentes, em especial, a imposição pelo governo dos EUA de tarifas de aproximadamente 50% sobre vários produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Essas medidas, segundo Brasília, carecem de respaldo técnico e ignoram o fato de que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil.
Além disso, o Brasil reclamou da aplicação da Lei Magnitsky pelas autoridades dos EUA a representantes brasileiros, o que, aos olhos do governo brasileiro, representa interferência injustificada em sua soberania.
Principais pontos do entendimento
- Negociações imediatas:
 Os dois países concordaram que equipes técnicas se reúnam “imediatamente” para dar início às tratativas de revisão tarifária e das sanções. Brasília espera que o processo siga por “algumas semanas”.
- Revisão dos 50% de tarifas:
 Lula defendeu que, durante o processo de negociação, as tarifas impostas aos produtos brasileiros fiquem suspensas ou sigam um calendário de redução até a definição de um acordo definitivo.
- Sanções a autoridades brasileiras:
 O encontro tratou também das sanções direcionadas a autoridades brasileiras, como ministros do Supremo Tribunal Federal, que foram alvo da Lei Magnitsky. O Brasil exige que esse tema seja parte integrante das negociações.
- Visitas recíprocas e diálogo ampliado:
 Trump e Lula sinalizaram a intenção de realizar visitas oficiais aos respectivos países, reforçando o interesse em ampliar o diálogo em ambos os lados.
Contexto e implicações
O cenário atual reflete uma das maiores tensões nas relações Brasil‐EUA em décadas. A imposição de tarifas elevadas por Washington e as sanções políticas contra figuras brasileiras criaram um ambiente de incerteza para exportadores brasileiros, especialmente em segmentos como carnes, café e agroindústria.
Para o Brasil, o encontro representa uma oportunidade de retomar protagonismo nas negociações comerciais e de resgatar uma agenda mais equilibrada com os Estados Unidos. Brasília sustenta que as medidas norte-americanas não se justificam pelo histórico de superávit comercial americano perante o Brasil.
Por parte dos EUA, o diálogo indica uma disposição, ainda que cautelosa, de revisar a postura adotada contra o Brasil, especialmente no que se refere à economia e à diplomacia regional. Trump afirmou que teve um “ótimo encontro” com Lula, descrevendo-o como um interlocutor “muito vigoroso”, embora tenha ressaltado que “não sabe se algo vai acontecer” concretamente.
Possíveis desafios à frente
- Ainda que o ambiente tenha sido amistoso, nenhum acordo formal foi assinado no encontro, e o calendário para efetivação das negociações permanece a ser definido.
- A suspensão das tarifas exigidas pelo Brasil ainda depende da concordância dos EUA, que reservam-se o direito de definir contrapartidas.
- O governo brasileiro precisa conciliar a pressão dos setores de exportação com a diplomacia externa, mantendo firmeza nas negociações sem escalada para retaliações.
- Do lado norte-americano, a administração Trump monitora não apenas a agenda comercial, mas também as repercussões políticas domésticas e estratégicas em relação à América Latina.
O encontro entre Lula e Trump marca um ponto de virada simbólico na relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos: com trocas de gentilezas públicas, elogios mútuos e a promessa de retomada de canais de negociação.
A concretização, porém, dependerá da rapidez com que as equipes técnicas avançarem, dos termos que forem definidos e, sobretudo, da boa-vontade política de ambos os lados para traduzir o diálogo em resultados práticos, seja na redução das tarifas, na retirada de sanções ou no fortalecimento da cooperação comercial.
///Fontes: CNN Brasil; Reuters; AcheiUSA; BBC News
 
				 
					
				 
					
				 
					
				 
					
				 
					
				 
								 
								 
								 
								 
								