Por Priscylla Silva, Redatora SmartNews USA – Charleston, SC
Milhões de mães e crianças nos Estados Unidos correm o risco de ficar sem acesso a alimentos e apoio nutricional a partir de 1º de novembro, caso o governo não envie novos recursos para manter o programa WIC funcionando.

Um escritório do WIC em Santa Rosa, Califórnia , em 2023.
O programa WIC — que ajuda mulheres grávidas, mães recentes, bebês e crianças pequenas com alimentos e apoio à nutrição — pode ser interrompido no início de novembro. A National WIC Association (NWA), organização que representa o programa em todo o país, fez um apelo urgente ao governo federal pedindo US$ 300 milhões em verba extra para evitar que milhões de famílias fiquem sem assistência.
O alerta foi feito porque os recursos que mantêm o WIC funcionando estão quase acabando. O dinheiro atual só deve cobrir o mês de outubro, e sem reforço, vários estados dizem que não terão como pagar os benefícios a partir de 1º de novembro.
O que é o WIC e por que ele é importante
O WIC (Special Supplemental Nutrition Program for Women, Infants and Children) é um programa federal dos Estados Unidos que oferece alimentos saudáveis, fórmulas infantis, apoio à amamentação e orientação nutricional para famílias de baixa renda.
Ele atende mais de 7 milhões de pessoas, segundo dados oficiais do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Além da ajuda com alimentos, o WIC também conecta as famílias a serviços de saúde e assistência social, funcionando como uma rede de proteção para mães e crianças em situação vulnerável.
O que está acontecendo agora
Devido ao impasse no orçamento federal e ao risco de shutdown (paralisação temporária do governo), o financiamento regular do WIC foi interrompido.
O programa recebeu uma quantia emergencial em outubro, mas essa reserva termina no fim do mês. Sem novos fundos, os estados podem precisar suspender ou reduzir os benefícios já em novembro.
Segundo a NWA, muitos escritórios estaduais já estão preparando planos de emergência, como priorizar apenas casos mais urgentes ou atrasar pagamentos, o que deixaria milhões de famílias sem comida nutritiva.
A diretora da NWA, Georgia Machell, disse em comunicado que “mesmo uma pausa curta no WIC pode afetar seriamente a saúde e o bem-estar de mães e crianças”. Ela explicou que uma interrupção pode fazer com que famílias abandonem o programa e deixem de receber o apoio de que precisam.
Estados em alerta
Alguns estados estão tentando ganhar tempo com recursos próprios. No estado de New Hampshire, o Departamento de Saúde informou que conseguiu manter o WIC funcionando até 7 de novembro, mas alertou que isso é temporário.
Outros estados, como Virgínia e Washington, estão buscando alternativas com ajuda do USDA para estender os benefícios por mais alguns dias — porém, sem a verba federal extra, será impossível manter o atendimento normalmente.
Organizações como The Arc, que defende pessoas com deficiência e famílias de baixa renda, disseram que se o WIC e o programa de vale-alimentação SNAP forem suspensos, milhões de famílias terão que escolher entre comprar comida, pagar o aluguel ou comprar remédios.
O pedido de ajuda
No fim de outubro, 44 organizações nacionais assinaram uma carta conjunta ao governo dos EUA pedindo que os US$ 300 milhões sejam liberados imediatamente, para que o WIC consiga pagar os benefícios nas primeiras semanas de novembro.
O grupo alertou que sem esse dinheiro, milhões de mães e crianças podem ficar sem assistência alimentar, especialmente em um momento de aumento dos preços de alimentos e energia.
Enquanto isso, o Congresso ainda discute soluções mais permanentes, como tornar o WIC um programa de financiamento garantido, o que o protegeria de cortes durante crises orçamentárias — mas essa proposta ainda não avançou.
Por que isso importa
O WIC não é apenas um programa de comida. Ele é visto por especialistas como uma ferramenta de saúde pública, porque ajuda a prevenir problemas de desnutrição, baixo peso ao nascer e atrasos no desenvolvimento infantil.
Sem ele, milhões de famílias podem enfrentar insegurança alimentar e aumento no uso de bancos de alimentos e abrigos.
Com a aproximação do fim de outubro, cresce a pressão sobre o governo para agir rapidamente.
Se nada for feito, 1º de novembro pode marcar o início de uma crise alimentar que atingirá as famílias mais vulneráveis dos Estados Unidos.
//Fontes: National WIC Association; The Arc; New Hampshire DHHS; Washington Post
 
				 
					
				 
					
				 
					
				 
					
				 
					
				 
					
				 
								 
								 
								 
								 
								