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Shutdown nos EUA atinge o 9º dia e provoca caos nos aeroportos

Por Priscylla Silva

Passageiros enfrentam filas longas, atrasos em massa e cancelamentos de voos enquanto funcionários essenciais trabalham sem receber. O impasse político em Washington já afeta diretamente o transporte aéreo e ameaça a economia.

A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos chegou ao nono dia nesta quinta-feira (9), e os impactos já são sentidos de forma crítica em todo o sistema aéreo do país. Aeroportos em grandes centros como Nova York, Chicago, Atlanta, Los Angeles e Miami registram longas filas, atrasos em cascata e cancelamentos de centenas de voos, resultado direto da falta de pessoal e do esgotamento de servidores que seguem trabalhando sem remuneração.

De acordo com dados compilados pela Federal Aviation Administration (FAA) e empresas de rastreamento aéreo, mais de 12 mil voos já sofreram atrasos desde o início da semana e cerca de 200 foram cancelados em todo o território americano. Aeroportos regionais, antes pouco afetados, começam agora a registrar gargalos, com algumas torres de controle temporariamente inoperantes — como ocorreu em Burbank (Califórnia) e Nashville (Tennessee).

Enquanto o Congresso continua travado em torno do orçamento federal, centenas de milhares de servidores públicos seguem sem receber pagamento, incluindo controladores de tráfego aéreo e agentes da TSA (Agência de Segurança de Transportes), que garantem o funcionamento mínimo dos aeroportos. Muitos deles começaram a faltar por exaustão ou dificuldades financeiras, agravando a crise.

Funcionários sem pagamento, passageiros sem voo

A falta de pessoal nas torres de controle e nos pontos de inspeção de segurança tem provocado atrasos que se espalham em efeito dominó. O secretário de Transportes, Sean Duffy, pediu publicamente que os controladores “continuem comparecendo ao trabalho”, garantindo que os salários atrasados serão pagos quando o impasse for resolvido.

Mas a resposta da categoria é de indignação. Muitos relatam estar recorrendo a economias pessoais e ajuda de familiares para manter despesas básicas enquanto seguem trabalhando sem remuneração.

“Estamos mantendo o sistema aéreo funcionando à base do sacrifício pessoal”, disse um controlador da FAA ao site Politico, sob anonimato. “Mas não sabemos até quando isso será possível.”

Sistema aéreo sobrecarregado

Com equipes reduzidas, a FAA vem limitando o número de decolagens e pousos em determinados horários para garantir a segurança. Isso tem causado acúmulo de aeronaves nas pistas e congestionamentos no espaço aéreo.

O Washington Post informou que o Aeroporto Internacional O’Hare, em Chicago, registrou atrasos médios de 41 minutos nesta quarta-feira, enquanto Los Angeles e Atlanta relatam “operações lentas” durante todo o dia.

Em Burbank, na Califórnia, a torre de controle ficou inoperante por mais de seis horas nesta semana, e pilotos tiveram de realizar manobras visuais de pouso e decolagem — algo permitido apenas em condições específicas e de menor tráfego. A FAA confirmou que “a escassez de pessoal é crítica em várias localidades”.

Viagens comprometidas e cancelamentos em alta

A situação preocupa também a indústria do turismo. Segundo a Associação de Viagens dos Estados Unidos (U.S. Travel Association), muitos viajantes internacionais já estão cancelando reservas ou adiando viagens ao país.

A entidade estima que, se o shutdown se estender por mais uma semana, o prejuízo no setor pode ultrapassar US$ 100 milhões apenas em perdas com passagens e hospedagens.

Nos principais hubs — Nova York (JFK e LaGuardia), Atlanta, Denver e Miami — as companhias aéreas passaram a reacomodar passageiros em voos de horários alternativos, mas não há garantia de que todos consigam embarcar ainda nesta semana.

A CNN relatou casos de viajantes que passaram mais de seis horas na fila para embarcar ou receber atendimento em balcões de check-in. Muitas companhias, como Delta e American Airlines, reforçam que estão “fazendo o possível” para manter operações, mas que dependem do controle aéreo federal para normalizar o fluxo.

O que o passageiro pode fazer

Enquanto o impasse político não é resolvido, especialistas recomendam que os passageiros tomem medidas preventivas:

  • Verifique o status do voo nos aplicativos das companhias antes de sair de casa.
  • Chegue com antecedência maior (mínimo de 3 horas para voos domésticos e 4 para internacionais).
  • Em caso de cancelamento, solicite reembolso integral ou remarcação gratuita.
  • Seguros de viagem e programas de fidelidade podem ajudar em casos de pernoite forçada.
  • Evite conexões curtas, especialmente entre aeroportos grandes.

A TSA e o Departamento de Transportes (DOT) reforçam que os passageiros têm direito a reembolso integral em caso de cancelamento provocado por falha operacional, independentemente do tipo de tarifa.

Crise política e risco de colapso

No centro do problema está a falta de acordo entre republicanos e democratas sobre o orçamento federal. A disputa travada no Congresso envolve cortes em programas sociais, políticas migratórias e limites de gastos, que impedem a aprovação de um novo pacote de financiamento temporário.

Enquanto isso, os efeitos colaterais se multiplicam. Além do caos nos aeroportos, serviços federais como parques nacionais, centros de pesquisa e escritórios administrativos continuam fechados ou operando de forma limitada.

Analistas alertam que, se a paralisação ultrapassar duas semanas, o país poderá enfrentar um colapso operacional no transporte aéreo, principalmente em rotas regionais dependentes de subsídios federais.

Histórico e próximos passos

O atual shutdown é o quinto mais longo da história dos Estados Unidos e o mais grave desde 2018. Naquele ano, uma paralisação de 35 dias provocou prejuízos bilionários e levou o país à beira da recessão técnica.

Por enquanto, líderes do Congresso não indicam progresso nas negociações. O presidente ainda não apresentou uma nova proposta de orçamento que agrade ambas as partes, e as reuniões entre os líderes partidários seguem sem avanços.

Enquanto isso, passageiros e funcionários seguem como as maiores vítimas da crise — presos entre a política e a paralisia.

// Fontes: NBC News, CNN, Washington Post, U.S. Travel Association, CBN, AcheiUSA

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