Em meio a uma série de desastres naturais que marcaram 2025 — como enchentes no Texas, tornados no Meio-Oeste e incêndios florestais em Los Angeles —, um evento climático de grandes proporções ficou fora da lista de emergências reconhecidas pelo governo Trump: a onda de calor que atingiu os Estados Unidos entre 20 e 24 de junho.
Durante esse período, um fenômeno conhecido como *heat dome* expôs quase metade do país a temperaturas perigosamente altas, levando sete estados a baterem ou igualarem recordes históricos. Em Maryland, por exemplo, 472 pessoas precisaram de atendimento médico. No entanto, como o calor extremo não é formalmente classificado como desastre natural segundo a Lei Stafford — que rege os critérios para declarações de emergência federal —, não houve liberação de verba emergencial.
Em resposta, parlamentares democratas como os senadores Jacky Rosen (Nevada) e Ruben Gallego (Arizona), junto com a deputada Sylvia Garcia (Texas), apresentaram um projeto de lei para incluir o calor extremo na lista de desastres da FEMA. O republicano Mike Lawler (Nova York) também apoia a medida. A proposta permitiria que estados recebessem verbas para infraestrutura de resfriamento, como centros climatizados, distribuição de ar-condicionado, sistemas de irrigação e arborização urbana.
Rosen destaca que “mais de 500 pessoas morreram de doenças relacionadas ao calor em apenas um condado de Nevada no ano passado”. Já Gallego afirma que o calor mata mais americanos do que qualquer outro tipo de evento climático.
Apesar da urgência, há divergências. Deanne Criswell, ex-administradora da FEMA, argumenta que o calor já pode ser contemplado na lei atual e que o foco deveria estar no fortalecimento de ações preventivas, como subsídios para projetos de mitigação. Segundo ela, a infraestrutura raramente é danificada por calor extremo, o que dificulta a liberação de recursos emergenciais sob os critérios da Lei Stafford.
Enquanto isso, o governo Trump segue reformando a FEMA, priorizando que estados assumam a liderança nas respostas a desastres. Paralelamente, o Departamento do Trabalho debate uma norma federal para proteger trabalhadores do calor excessivo — medida que enfrenta forte resistência de grupos empresariais e governos estaduais republicanos.
Mesmo assim, sete estados — incluindo Califórnia e Maryland — já aprovaram suas próprias regras de proteção. No Congresso, no entanto, a batalha por uma legislação federal abrangente contra o calor extremo ainda é longa.
Fonte: CBS