O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou nesta quinta-feira (10) uma carta ao primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, e anunciou uma tarifa de 35% sobre a importação de produtos do país. A medida está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Segundo o presidente, as taxas foram estipuladas para “lidar com a crise nacional de fentanil”. Ele afirma que o Canadá falhou em impedir que drogas entrassem nos EUA.
“Em vez de trabalhar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com suas próprias tarifas”, afirmou no documento.
Assim como na carta endereçada ao presidente Lula, Trump também disse que não haverá tarifas se o governo ou empresas canadenses “decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos EUA”. (Veja a íntegra do documento mais abaixo).
“Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, então, seja qual for o número que escolher para aumentá-las, será adicionado aos 35% que cobramos”, prossegue o documento.
Em resposta às tarifas, Mark Carney disse que o país está comprometido em continuar trabalhando com os EUA para salvar vidas e proteger as comunidades dos dois países.
“Ao longo das atuais negociações comerciais com os Estados Unidos, o governo canadense tem defendido firmemente os nossos trabalhadores e empresas”, afirmou. “Continuaremos a fazê-lo enquanto trabalhamos em direção ao prazo revisado de 1º de agosto.”
A carta destinada ao Canadá é a 23ª que o republicano envia a líderes globais informando as taxas que as nações terão de pagar a partir de 1º de agosto caso não firmem um acordo comercial com os EUA.
Na segunda-feira, primeiro dia de envio, 14 países receberam os comunicados. A segunda leva foi disparada na quarta-feira (9), com oito nações notificadas: além do Brasil, entraram na lista Argélia, Brunei, Filipinas, Iraque, Líbia, Moldávia e Sri Lanka.
De forma geral, Trump definiu tarifas mínimas sobre produtos importados, que variam entre 20% e 50%, a depender do país, com validade a partir de 1º de agosto. Entre as 23 nações que receberam as cartas, o Brasil ficou com a taxa mais alta. A menor tarifa foi anunciada para as Filipinas (20%).
A expectativa é que novos documentos sejam divulgadas nos próximos dias. Na noite desta quinta-feira, Trump disse à NBC News que a União Europeia será notificada até amanhã.
Veja abaixo a lista de países que já receberam os documentos e as taxas anunciadas por Trump até o momento:
- África do Sul: 30%
- Argélia: 30%
- Bangladesh: 35%
- Bósnia e Herzegovina: 30%
- Brasil: 50%
- Brunei: 25%
- Camboja: 36%
- Canadá: 35%
- Cazaquistão: 25%
- Coreia do Sul: 25%
- Filipinas: 20%
- Indonésia: 32%
- Iraque: 30%
- Japão: 25%
- Laos: 40%
- Líbia: 30%
- Malásia: 25%
- Myanmar: 40%
- Moldávia: 25%
- Sérvia: 35%
- Sri Lanka: 30%
- Tailândia: 36%
- Tunísia: 25%
A elevação das tarifas sobre os produtos desses países reacende um alerta sobre a guerra comercial de Trump. O republicano vem tentando firmar acordos com seus parceiros comerciais — mas, até agora, chegou a um entendimento prévio com apenas três países.
A entrega das cartas é mais uma tentativa de pressionar as nações pela conclusão de acordos favoráveis aos EUA. Além do envio aos chefes de Estado, os documentos foram publicados pelo republicano em seu perfil na rede Truth Social.
Na segunda-feira, o presidente dos EUA também assinou um decreto que adiou oficialmente para 1º de agosto a data de retomada de seu tarifaço. A previsão era que as chamadas “tarifas recíprocas”, que atingiram mais de 180 países, voltassem a valer nesta quarta-feira (9).
“As tarifas começarão a ser pagas em 1º de agosto de 2025”, publicou Trump na terça-feira, ao reforçar que não haverá nova alteração. “Em outras palavras, todo o dinheiro será devido e pagável a partir de 1º de agosto de 2025 – nenhuma prorrogação será concedida”, acrescentou.
Trump já havia antecipado no domingo (6) que os EUA enviariam cartas a seus parceiros comerciais, especificando os valores de taxas que esses países teriam de pagar caso não negociassem acordos com a maior economia do mundo.