Por Priscylla Silva, Redatora SmartNews USA – Charleston, SC
Medida inédita faz parte de revisão ampla de casos e impacta cerca de 230 mil refugiados

Presidente dos EUA, Donald Trump • 16/10/2025 REUTERS/Jonathan Ernst
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou um processo de revisão abrangente envolvendo refugiados que foram admitidos no país durante a administração de Joe Biden. A ação, detalhada em um memorando interno do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), prevê a possibilidade de reentrevistas e a suspensão temporária de alguns procedimentos de residência permanente para essas pessoas.
O memorando, datado de 21 de novembro, afirma que, entre 20 de janeiro de 2021 e 20 de fevereiro de 2025, cerca de 235 mil refugiados entraram nos Estados Unidos após passar pelo processo de triagem vigente na era Biden. A diretriz interna argumenta que, naquele período, priorizou-se a rapidez e a quantidade de admissões em detrimento de entrevistas e verificações detalhadas. Com base nisso, o USCIS determinou a necessidade “de uma revisão completa e de uma nova entrevista” para todos os refugiados admitidos nesse intervalo.
Destino dos casos e suspensão de benefícios
Segundo o memorando, os serviços de imigração interromperam temporariamente a análise de pedidos de residência permanente relacionados a refugiados admitidos sob o governo Biden. O documento também estabelece que, caso um refugiado seja considerado inadequado para ter recebido esse status, pode ter sua condição encerrada. Nesses casos, a pessoa poderá contestar a decisão apenas por meio de um processo de deportação perante um tribunal de imigração, onde terá a oportunidade de apresentar sua defesa.
Mudança de rumo nas políticas de imigração
A iniciativa de reentrevistar refugiados representa um movimento sem precedentes de revisão entre administrações, afetando uma das populações mais vulneráveis acolhidas pelos Estados Unidos. Tradicionalmente, o processo de acolhimento de refugiados envolve múltiplas etapas de entrevistas, verificações de segurança e avaliações médicas ao longo de vários anos antes da concessão de status no país.
A nova medida também ocorre em meio a uma série de restrições mais amplas implementadas pelo governo Trump no âmbito da imigração legal e humanitária. Entre outras ações, a administração congelou a maior parte das admissões de refugiados, com exceção de alguns grupos específicos, e estabeleceu um teto historicamente baixo para o número de refugiados a serem acolhidos no ano fiscal de 2026.
//Fontes: CNN